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Pode passar dez, vinte...cem anos a dor vai sempre está ali, no peito de cada fã Sabe por quê? Parece que foi ontem... Deixo a minha homenagem para todo sempre; MICHAEL JACKSON!!! de sua eterna fã! ♥

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

De minha autoria!

                             O filho do preconceito







Mais de quatro séculos de pregação racista se encarregou em provocar o desprezo do próprio negro à sua raça, roubar da identidade que foi arrancada à força do continente africano. Ser negro no mundo é, na verdade, é grande provação. Falo por experiência própria.







Meu nome é Michael Alonso Estevão de Souza, nasci 7 de agosto de 1958, sou afro-brasileiro, com fortes traços negros: o primeiro, por parte da minha mãe, que se chamava Mariana Estevão de Sousa e o segundo, por parte do meu pai, atendia pelo nome de José Mariano Estevão da Silva. Este último era filho de um português de nome Jerônimo Ribeiro Gonçalves com uma negra de nome Francisca Freire de Matos. Tiveram um breve romance e acabaram se casando mesmo sendo uma grande parte da sociedade contra. Lutaram muito para viver em paz, enfrentaram muito preconceito e discórdia. Meu pai nasceu de cabelos lisos e olhos castanhos claros com traços negros. Teve uma vida sofrida criança e adolescente, pois com seus 23 anos, saiu de sua cidade natal e foi morar na cidade vizinha. Lá constituiu uma família se casou com minha mãe Mariana e com ela teve sete filhos, cinco homens e duas mulheres. Ele trabalhava de mecânico, tinha sua própria oficina e a minha mãe era lavadeira. Morávamos num apartamento; não era de luxo... Até parece que uma família de negros de classe baixa teria um apartamento digno, logo nos anos 60 onde o preconceito estava em alta. Falar isso naquele tempo era digno de ironia. E olhe, só fez aumentar com o tempo. Por isso meu pai não me deixava sonhar, como era o filho mais velho comecei a trabalhar de ajudante na feira, não ganhava muito e o que ganhava tinha que dar aos meus pais. Isso foi em 63 quando tinha cinco anos, idade que comecei a trabalhar. Se não trouxesse pelo menos R$ 5,00 reais, apanhava, meu pai me batia com o que estivesse em sua frente, já chegou a me bater com fios de ferro. A minha mãe o suplicava para parar, mais ele não parava, já cheguei a odiá-lo. Meus irmãos me desprezavam como ele, tudo que acontecia com eles era culpa minha, mais um motivo para me baterem. Era um menino que não recebia nenhum afeto e compaixão da família.


O tratamento que meus irmãos recebiam era totalmente diferente do meu, eram tratados com carinho e eu com muita pancada e tapa na cara, sendo em casa ou na rua, passei minha vida a perguntar por quê? Nos dois lugares era excluído e maltratado, não fazia diferença nehuma. Por isso quando fiz 7 anos fugi,passei cinco dias fora de casa nas ruas,ninguém foi me procurar,exceto minha mãe que ficou preocupada comigo e saiu a minha procura.Me encontrou com um grupo de meninos de rua brincando.E pediu que fosse para casa com ela,e eu fui.Cinco minutos depois me arrependi,pois na porta de casa encontramos meu pai,que gritou muito com conosco e me levou para dentro de casa a tapas e berros.Depois de bater e gritar comigo,deixando marcas por todo meu corpo me trancou no quarto me deixando lá o dia inteiro,sem água e comida,sem ver se quer a luz do sol.Meu quarto...É elogio chama-lo assim, porque nenhuma criança merecia ter um quarto daquele.Era úmido,com uma cama quebrada,o guarda roupa as portas já havia se quebrado,uma delas ele mesmo arrancou para bater em mim,um quarto sem janela e era pra lá que ia chorar quando estava triste e toda aquela cena me deixava mais triste ainda,que passava horas deprimido no quarto.Mesmo assim pela manha logo cedo tinha que sair para trabalhar.


Na feira via varias crianças com suas mães felizes me imaginava no lugar delas,quando me aproximava para conversar com os filhos delas,eles saiam com medo de mim. Nada diferente da minha vida em casa, com meus irmãos, eles nem falavam comigo, só falavam comigo para me esnobar, principalmente quando tinha algum brinquedo e merenda, só eles ganhavam, e se aproveitavam para esfregar na minha cara.


A escola era o único lugar onde me tranqüilizava, pois lá tinha amigos, que não me excluíam, também tinha uma menina chamada Lisa, era a menina mais doce que existia que sempre me ajudava quando uns valentões viam me bater. Fiquei caidinho por ela, fazia tudo pra fazê-la feliz, só eu a conhecia de verdade. Assim com o tempo fui me tornando seu melhor amigo.


Sabe teve uma vez, tinha 11 anos; eu e ela estávamos sozinhos na sala, eu fui me aproximando e a beijei, de repente aparece nossa professora... Havia uma grande diferença entre eu e Lisa; era ela branca e eu negro por isso grande parte dos alunos não gostava de nos verem juntos. Então quando a professora nos viu, pensou que eu estava a forçando a me beijar, logo deu um grito chamando atenção de quem estavam passando, os meninos vieram me segurar e a professora chamou a policia, 15 minutos depois estava na prisão para jovens infratores. Lá apanhei muito, sofri demais por uma injustiça e por ser negro e pobre.


Meus pais não podiam me tirar daquele lugar, tinha que ficar preso durante um mês, como uma espécie de castigo, já que meus pais não podiam pagar fiança e nem advogado.


Um mês se passou, e o dia de sair da prisão chegou. Já era excluído por ser negro de classe baixa, agora era negro, pobre e ex-presidiário, minha situação piorou muito. Assim que cheguei em casa todos haviam saído exceto meu pai que me esperava para uma conversa .Em cima da mesa havia um pedaço de galho de arvore muito grosso.Começou me mandando tirar a roupa...Nunca esquece desse dia.Comecei a chorar ai que ele gritava mais comigo. “Tire a roupa!!!!!!”Ah...Seus olhos estavam cheios de ódio e os meus cheios de lagrimas.Ele não teve pena, depois que tirei a roupa me levou para o banheiro e começou a me bater,sem dor ou piedade,me bateu tão forte,mais tão forte que meu corpo não ficou só de marcas,mas,também cheio de ferida.Quando minha mãe chegou,ela o suplicou para parar,mas ele não parou,coitada...Não podia fazer nada,pois a porta estava trancada,apenas sentou e chorou comigo.Ele só parou quando estava cansando,saiu e trancou a porta,não permitiu que ninguém me visse,só pela manha,bem cedo que,me acordou para trabalhar.


Com dificuldade viste minha roupa, pois meu corpo estava todo dolorido. As pessoas me olhavam diferente, pior do que me olhavam antes, saiam me apontado como o menino estrupador. Voltei sem nenhum tostão, e assim foi durante meses, e nesses longos meses, por não levar nada para casa, apanhava do meu pai.


Na escola a minha situação piorou de vez, a escola não queria que estudasse mais lá, acabei que fui expulso. Meu pai me bateu como sempre, mas depois me colocou para trabalhar na sua oficina como ajudante, tinha 12 anos, não ganhava nada, exceto quando os clientes me davam gorjeta. De gorjeta ganhava 5,00 reais por serviço, era um ótimo dinheiro. Trabalhei com ele até meus 13 anos. E em todo esse tempo guardava uma parte do dinheiro, para fugir.


Com meus 13 anos, me deparei com o inferno, pois vagando pelo bairro a noite encontrei um grupo de garotos que estavam na mesma situação que eu,tinham uma família desestruturada,pais que o batiam,mães que não ligavam para eles,logo percebi que minha situação não era tão grave assim,tinha uma família estruturada,com pai,mãe e irmãos,mas que não ligavam pra mim,éramos mesmo um grupo de moleques sem futuro,foi isso que me disseram e acabaram me convencendo me levando pra beira do abismo com eles.Comecei a fumar cigarro,tomar bebidas alcoolizadas,rapidamente passei para algo mais grave,em uma noite me ofereceram cocaína,de inicio recusei mas,depois cedi e desde aquele dia não parava de fumar essa droga maldita que me viciei facilmente.


Não durou muito tempo para meus pais perceberem que estava me drogando. E as conseqüências foram bem graves, pois dessa vez meu pais não só me bateu como me expulsou de casa, me tirou de lá aos berros, falando para todo mundo ouvir que era um drogado e a partir daquele dia não era mais seu filho, não pude nem me despedir da minha mãe, a deixei chorando e fui chorando para... Onde?Não tinha a mínima idéia, só caminhei, e quando dei por mim já estava longe da minha casa, família e de todos, estava sozinho, até encontrar outro grupo de moleques drogados, eu não resistir e fumei com eles, passei dois anos da minha vida com eles nas ruas,dormindo onde podia,comendo o que achava e fumando muito. Fumava tudo que me davam, e sempre acabava me viciando. Foi então que parei no pronto socorro por overdose. Eles mesmo que me socorreram me deixaram na porta do hospital publico dois médicos me encontraram tento uma convulsão,chamaram a emergência e cuidaram de mim,não me trataram tão bem assim,afinal não tinha nada,nenhum documento,absolutamente nada,ninguém me conhecia,ninguém me respeitava.


Passei três meses no hospital, tirei as conclusões de que é melhor ficar lá do que viver em família e sofrer de novo. Mais depois que encontrei a Raquel Oliveira pensei diferente.


Raquel era uma enfermeira de 25 anos que morava num apartamento no centro da cidade, ficamos muito amigos no hospital,ela me fez ver que viver em família não é tão ruim assim,sempre me aconselhava a encontrar a paz eterna porque só assim minha vida iria mudar,sempre lia a Bíblia para mim mas não imaginava que ela teria coragem de fazer aquilo, mas foi a sua decisão mudou minha vida.


Em uma das nossas conversas me falou que gostava muito de mim, fiquei todo metido,ela falou logo que não era do jeito que estava pensando,era como filho,ficou comovida com minha história; sabendo que meus pais não queriam mais saber de mim, ficaria mais fácil me adotar e foi isso que fez, me adotou e me levou para morar com ela. Fiquei muito feliz lembro de que não acreditei quando me falou, pensei que só queria me usar como seu empregado, mas depois me falou coisas lindas, que minha vida iria se transformar. Lembro do dia que tive alta e ela pode me lavar pra casa. Primeiro fui à barbearia onde cortei o cabelo e fiz a barba, que não era muita, depois me levou para comprar roupas novas e sapatos, foi um sonho. Não acreditei quando vi aquela casa linda, não aquecida e confortável, e o meu quarto, um sonho que virou realidade, tudo novinho. A cama era tão macia que parecia uma nuvem. No jantar a comida era deliciosa, podia me deliciar com todas as merendas que quisesse. Além disso, agente brincava muito, assistia filme, contava piadas, histórias de terror em dias de chuva, estava vivendo um verdadeiro sonho, que temia muito que acabasse. Então decidi lhe perguntar por que me adotou, já fui pra cadeia, me droguei muitas vezes, por sorte você me ajudou a encontrar a paz interior e me tirou desse caminho, que aparentemente é sem volta, vive nas ruas, sujo, como um criminoso, então porque cuida de mim?Ela me respondeu que não se importava com o que eu fiz e sim com o que eu sou agora, pois sabia que tinha um coração muito bom, e que é isso que importa. Apenas lhe agradeci.


Chegou o dia deu ser oficialmente seu filho,o promotor levou uns papeis para ela anotar e assim se tornar de verdade minha mãe.E foi o que aconteceu,logo me colocou em uma escola particular,nunca tinha estudado numa escola paga,achava que tudo era filhinho de papai e estava certo.Como estava com meus 13 anos,fui para sétima serie,os professores eram muito eficientes,me tratavam muito bem,não por gostarem de mim e sim por estar pagando;logo vi a diferente que o dinheiro faz.


Fiz novos amigos, três deles se chamavam: Willian, Isabela e Julia, eram ótimos amigos e com o tempo se tornaram meus melhores. Os três tinham treze anos, eram negros igual a mim, por isso era meus únicos amigos. Logo percebi que não importava onde estava, existiria sempre preconceito.


Eu e meus amigos vivíamos aprontando com os alunos que não gostavam da gente. Raquel sempre ia me buscar na escola, e antes de ir pra casa passávamos em uma lanchonete. Inclusive foi nessa lanchonete que comemoramos meu aniversario de 14 anos, foi maravilhoso, eu, ela e meus melhores amigos, fizemos a festa. Então ela me perguntou qual era meu pedido de aniversário e eu lhe respondi que queria muito ver minha antiga família, queria muito rever minha mãe. Ela me perguntou se era isso mesmo que queria e eu lhe respondi que sim; então logo pela manhã, nós fomos visitar minha antiga família. De cara encontramos meus irmãos na porta brincando, já estavam bem grandinhos, logo saíram correndo para avisar a meus pais que havia voltado para casa. Minha mãe saiu correndo para me abraçar, quanto ao meu pai, ficou olhando a cena, com uma grande cara de arrependido. Mas como era muito orgulhoso não foi falar comigo, então eu mesmo tomei a iniciativa de abraçá-lo. Depois entramos em casa, fiz as apresentações, todos ficaram muito assustados ao saber que fui adotado. Minha mãe agradeceu muito à Raquel, por cuidar de mim no hospital e me tirar do caminho das drogas, ela respondeu que era um menino maravilhoso e de muito bom coração, meus irmãos e meus pais deram uma risada de deboche, Raquel se irritou muito, me mandou se despedir da minha mãe me levou embora.


No caminho muito estressada veio comentado como eles podiam me tratar assim, respondi que já estava acostumado,pois eles nunca acreditavam em mim.Com muita raiva me disse que nunca mais iria me levar para ver minha família. Fiquei desesperado, pedi que desistisse dessa decisão, falei que ela estava fora de si. Mas ela não me ouviu, então gritei para ela parar o carro, ela teimou que não, então tomei o volante e fiz a parar. Ela disse que era louco, que podia ter nos matado, mas nem ouvi,só lembrava dela dizendo que nunca mais iria ver minha família,ela debateu dizendo que eles me tratavam mal e lhe disse:me tratando mal ou não são a minha família e isso que importa .Mas ela não desistiu e disse que nunca mais iria ver aquelas pessoas.Nem quis saber,sai desesperado do carro,mas quando atravessava a rua vinha um caminhão em alta velocidade,nunca mais vi meus pais,pois naquele momento fui embora para nunca mais voltar.Por sorte o caminhão não me pegou.Passei o resto da minha juventude,vagabundado por ai,morei sozinho,trabalhei no supermercado.Quando adulto me casei com uma linda mulher chamado Aline,com ela tive 2 filhos,um casal,sou muito feliz com ela.Mas nunca mais vi minha familia de novo.
moramos numa bela casa faço o que posso para dar aos meus filhos o melhor,mas ainda sofro muito preconceito de muita gente que só sabe avaliar pela cor da pele.Isso é depravante,viver numa sociedade como está,mas a unica coisa que posso fazer é lutar cada dia por um mundo melhor.

































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